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O que é o Cohousing? E porque ele é uma das melhores soluções para um envelhecimento ativo, saudável e feliz?

 

 

O que é o cohousing?

 

O cohousing é um modelo de moradia e vida que combina a privacidade que valorizamos com a comunidade que ansiamos. Ele é a materialização do sonho que tantos de nós temos de morar com amigos ou envelhecer com amigos.

Ele também é a atualização do antigo modelo como viviam muitos de nossos pais e avós, naquela casinha de vila, uma vila de vizinhos. E é exatamente no binômio privacidade-comunidade que repousa sua maior força e o diferencial em relação a outros tipos de moradia.

 

Por que o cohousing?

Com o envelhecimento da população e a separação das famílias surge a necessidade de se encontrar formas de moradia que propiciem qualidade de vida para a terceira etapa da vida, uma moradia para a longevidade, ou uma moradia para um envelhecimento ativo.

Não seria errado dizer que muito mais do que uma alternativa de moradia o cohousing é uma proposta de vida. Por isso mesmo é essencial que as pessoas que aderirem a determinado grupo conheçam a missão e os valores do grupo, e avaliem se eles comungam com eles.

O Brasil tem um potencial enorme e uma necessidade imperativa de soluções de moradia e vida para as pessoas que envelhecem. O isolamento e a solidão podem ser um dos grandes males das próximas décadas e a pandemia só veio para alertar.

 

Quais são os tipos de cohousing?

 

Os cohousings podem ser urbanos, suburbanos e rurais, em termos de localização. Eles podem ser cohousings multigeracionais ou cohousings seniores, quanto à composição etária de seus membros.

 

Onde nasceu o cohousing?

 

O cohousing nasceu na Dinamarca nos anos 70 e foi logo se espalhando pela Europa do norte.

Em seguida, o conceito inovador de moradia atravessou o Atlântico e pousou nos Estados Unidos através do arquiteto Charles Durrett, que passou vários anos estudando essas comunidades na Dinamarca.

 

 

Por que está crescendo o interesse e a busca por cohousings no Brasil?

 

O envelhecimento da população, com seu consequente isolamento e solidão, tem levado à busca de soluções de moradia e vida mais satisfatórias, ainda não contempladas pela sociedade em geral.

A pandemia, com o isolamento forçado que provocou, trouxe mais ainda à tona estas problemáticas do isolamento e da solidão, com suas consequências negativas sobre a saúde física e emocional das pessoas.

O cohousing, modelo de moradia onde as pessoas convivem entre si, criam laços de cooperação e apoio mútuo, surge como uma das melhores respostas para esses problemas.

 

Qual a diferença entre um cohousing e um condomínio?

 

No condomínio o foco está na individualidade absoluta representada pela casa ou pelo apartamento. Normalmente as pessoas pouco se conhecem e não há proposta ativa de uma vida comunitária. 

O cohousing, por outro lado, se baseia em dois pilares fundamentais: privacidade e comunidade. Cada pessoa tem sua casa ou apartamento como no condomínio, o que garante a privacidade.  Mas o cohousing tem algo maior: uma comunidade. 

Esta comunidade é deliberadamente criada, através de reuniões, normalmente conduzidas por um facilitador, onde vão se formando subgrupos que irão cuidar de todos os aspectos da vida em comunidade, como jardinagem e paisagismo; programação social e cultural; afiliação; vida comunitária; cuidar e aconselhar; construções; guardiães da missão e visão; finanças; casa comum, etc.

Diferentemente de qualquer outro modelo de moradia, notadamente dos condomínios, o cohousing é uma comunidade intencional, onde todos têm uma voz

E diferentemente das organizações a que estamos acostumados, onde existem sistemas hierárquicos, diretorias, etc, o cohousing é uma comunidade horizontal, autogovernada. Aqui não existe administradora nem síndico. 

As decisões são tomadas em conjunto, e as lideranças e facilitadores são definidos apenas para levar o trabalho adiante, com um rodízio entre os membros. E isto exige a participação de todos, num processo contínuo de auto aperfeiçoamento e autoconhecimento.

 

Qual a diferença entre um cohousing e um coliving ?

 

No cohousing cada pessoa tem sua casa ou apartamento; no living as pessoas moram todas juntas na mesma casa, cada uma com seu quarto.



 

 

Qual a importância do cohousing para a saúde integral?

 

Estudos internacionais, como os de Harvard, e os das Blue Zones – os hotspots de longevidade no planeta - entre vários outros, têm mostrado que o fator mais importante para a manutenção da saúde e do bem estar, quando envelhecemos, está em nossas conexões humanas de apoio e confiança, o que traduzido de outra maneira, chamamos de amigos

Ou seja, conviver proximamente com pessoas que se apoiam mutuamente faz a grande diferença para uma vida longa, rica e saudável.

Em linguagem contemporânea, o cohousing traz aos dias de hoje o suporte que os vizinhos se davam nos tempos de ontem.

 

Como nasceu o cohousing no Brasil?

 

No Brasil o fenômeno é recente. Foi apenas no ano de 2017 que começou a se planejar o cohousing Vila Conviver, iniciado por um núcleo de ex-docentes da Unicamp, por conta de sua aversão ao conceito de vida nas casas de repouso

O grupo de professores foi estudar as melhores alternativas existentes no mundo que proporcionaram as melhores condições para se envelhecer com qualidade de vida. E a escolha dos doutores da Unicamp recaiu sobre o cohousing como o modelo mais adequado para eles para esta fase da vida.

Embora a Associação Vila Conviver já esteja criada e registrada, ainda não é chegada a hora de se mudar. O processo está agora nos finalmentes em termos de projeto, o terreno já foi comprado, e o próximo passo é a sua construção.

 

Existem cohousings para visitar no Brasil?

 

Além da Vila Conviver, existem outras iniciativas de cohousing no país, mas elas também estão todas em fase de projeto. Nenhuma foi concluída. O desafio é grande. 

Pois além de toda a construção física, algo comum para qualquer condomínio, o cohousing pressupõe a “construção social”, a formação do grupo, com todos os seus acordos de convivência.

Os fundadores da Associação Vila Conviver, especialmente seus membros focados na criação do Cohousing Vila Conviver, estão hoje reunidos num site chamado Cohousing em Rede, que busca reunir as diversas iniciativas dos grupos formadores de cohousings no Brasil.

 

 

Quanto custa comprar uma casa ou apartamento num cohousing?

 

Levando-se em conta que os cohousings têm uma grande casa comum ou sede e mais algumas instalações coletivas, e ao mesmo tempo as casas ou apartamentos não precisam ser grandes em função de se haver estas instalações coletivas, pode-se dizer que comprar uma casa ou apartamento num cohousing equivaleria ao que se gastaria para comprar um imóvel convencional.

A par disso o preço do cohousing é definido por cada grupo, a partir do padrão desejado pelo grupo para o seu projeto. Por isso é importante que as pessoas se juntem a outras que têm padrões e possibilidades financeiras semelhantes.

Seria frustrante uma pessoa começar a participar de um grupo que no final definiria um padrão e um valor que ela não pudesse pagar.

 

Como começar um cohousing?

 

O cohousing é normalmente começado por um pequeno grupo de pessoas, amigos ou não, que se reúnem com esse objetivo. É fundamental começar a se definir os objetivos, os valores e a missão desse cohousing. 

É um momento em que se deve também aproveitar e estudar as diversas ferramentas e técnicas existentes para a tomada de decisões pelo grupo.

 

Quais são os benefícios do cohousing para a saúde?

 

Quando uma pessoa mora num cohousing ela se torna membro de uma comunidade auto gerenciada, vibrante, onde o isolamento e a solidão deixam de existir. As pessoas podem redescobrir seus talentos e habilidades e desenvolver novas atividades. A vida passa a ganhar um novo sentido.

Com os estudos internacionais sobre qualidade de vida no envelhecimento mostram que o fator mais importante para a saúde integral são as conexões humanas de cooperação, amizade e confiança, as pessoas que vivem num cohousing podem contar umas com as outras, sentindo que estão amparadas pelas demais. 

Em suma, o morar com amigos tem-se mostrado uma solução para a preservação da saúde integral.

 

Para que tipos de pessoas é indicado um cohousing?

O cohousing é indicado para pessoas que valorizam o conviver com outras pessoas, que desejam participar de uma comunidade, que sabem partilhar e que buscam o autodesenvolvimento. As experiências internacionais demonstram a evolução e o crescimento individuais dos membros dos cohousings ao longo do tempo.

 

Qual é o tamanho de um cohousing?

As experiências internacionais têm mostrado que os cohousings não devem ser muito pequenos e nem muito grandes. Um cohousing com menos de 15 moradias terá uma pequena amostra da diversidade e complementaridade que tornam ricos os grupos, e os custos serão mais altos. 

Um cohousing com mais de 35 moradias terá um grupo de moradores maior do que os grupos com os quais estamos acostumados a conviver, como uma classe de alunos, por exemplo, dificultando o conhecimento e a relação, de modo que a faixa entre 15 e 35 unidades de moradia é preconizada pelos especialistas internacionais.

 

Quantas pessoas vivem num cohousing?

A média mundial é de cerca de 1,5 pessoas vivendo em cada casa ou apartamento. Metade casais e metade singles. Os cohousings têm em média 25 a 60 membros.

 

Quais são os profissionais que devem ser contratados para formar um cohousing?

 

O cohousing normalmente se inicia com a formação do grupo a partir de um núcleo central de pessoas, que costuma variar entre 3 e 6 pessoas. São estas pessoas, o chamado core group, que irão definir os valores centrais, as chamadas cláusulas pétreas, que irão nortear a formação do cohousing.

A partir disso começa-se a admissão de mais membros, fase em que é importante um facilitador externo para conduzir as reuniões. Simultaneamente começa a busca do terreno, que fica a cargo de um subgrupo do grupo maior. 

Corretores são acionados para auxiliar na busca. A partir disso um arquiteto com experiência em arquitetura para cohousing, adaptada e acessível, com visão e experiência em comunidades, condomínios, acessibilidade, e arquitetura vital, começa a planejar o projeto. 

E em paralelo são construídas as bases legais para o empreendimento, com o apoio de um advogado com experiência em comunidades intencionais. Este profissional tanto ajudará o grupo na definição do formato legal do cohousing, quanto coordena a construção dos acordos entre os membros, resultando num estatuto.

 

Como se tomam as decisões no cohousing?

 

Nas comunidades de cohousing nos EUA os processos decisórios costumavam ser baseados no consenso. Com o passar dos anos verificou-se que o consenso demorava muito, era pouco eficaz. 

E aí começou-se a usar a sociocracia, um sistema que se baseia na transparência, na equivalência e na eficácia. Com ele as decisões passaram do consenso para o consentimento. Hoje em dia, a maioria das cerca de 200 comunidades de cohousing nos EUA usa a sociocracia.

 

Quais são atualmente algumas das iniciativas de cohousing no Brasil?

 

 

Deseja ingressar numa comunidade ou criar um cohousing com amigos?

 

A Freeway Viagens, está organizando uma viagem Cohousings na Nova Inglaterra, que acontecerá de 24/9/2023 a 4/10/2023, a qual será coordenada e liderada por Edgar Werblowsky, um dos grandes promotores e incentivadores do cohousing no Brasil. Acesse o roteiro em: www.freeway.tur.br/cohousing