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Sociedade precisa se unir contra mudanças no código florestal

Por Edgar Werblowsky

Temos acompanhado na mídia as discussões em marcha no congresso para alterar o Código Florestal. Mudanças essas pleiteadas pelos ruralistas em detrimento das conquistas obtidas nos últimos anos em termos de preservação do meio ambiente.
 
Todos nós sabemos a importância dos rios. Inegável. As mudanças propostas incluem a redução da mata ciliar, às margens dos rios, de 30 para 7,5m. Como se ignorássemos o papel crucial destas faixas de mata para proteger os leitos, garantir a vazão e o volume de água, e promover uma barreira natural para minimizar a contaminação dos rios por agrotóxicos das lavouras. Indo além, nos lembramos das recentes enchentes com destruição no Nordeste e a contribuição dos rios desmatados para estes desastres.
 
As mudanças propostas liberam também o desmatamento em topos de morros. Não vou nem falar do nosso culto às elevações como locais espiritualmente ricos, para onde os ecoturistas se direcionam em suas caminhadas. Mas me aterei a argumentos mais terrenos, como os deslizamentos catastróficos que ocorreram em Angra, Ilha Grande e Niterói, por conta do desmatamento nos altos e nas encostas dos morros.
 

Continuando, as mudanças no Código Florestal ainda preveem anistia a quem desmatou. Nós que somos simples cidadãos sabemos que a impunidade é um convite aberto a mais desmatamento e ao descumprimento das leis.
 
O Brasil é enorme, há muita terra. Não se justifica avançar sobre as áreas protegidas. Isso é avançar na contramão de tudo o que o mundo sensato e consciente está dizendo. É ir contra todos os protocolos, encontros mundiais, que buscam a sanidade e o equilíbrio do planeta.
 
As mudanças foram infelizmente aprovadas numa comissão da Câmara. O próximo passo será sua votação no plenário. Sorte que temos tempo para reverter a situação. A votação só deve ocorrer após as eleições. Mas a sociedade tem que começar a se mobilizar, já para mostrar aos deputados a coisa certa a fazer.
O segmento do turismo começou timidamente a se manifestar, apoiando um manifesto redigido por nós pela preservação de nossos ambientes naturais. Muitas entidades assinaram.
 

O Ariau Towers é um dos maiores hotéis de selva existentes na Amazônia, que está inserido na copa das árvores da floresta
 
Agora chegou a vez de nós, profissionais do turismo, além de cidadãos, que sabemos da importância da natureza protegida para o sucesso do turismo em nosso país. Sabemos quanta gente do mundo nos visita encantado por nossas belezas.

Sabemos também a importância de um meio natural protegido e conservado para a nossa própria qualidade de vida.
Unamo-nos todos para evitar esse tiro no pé. Acaba de ser criado um manifesto pela internet, onde se conclama a sociedade brasileira a dizer um não a estas mudanças insanas.

Não temos o direito de dilapidar mais o patrimônio natural de nosso planeta. Ele não tem nacionalidade nem religião. É simplesmente universal. Clique no link abaixo, assine, e envie a seus amigos.
 
Serviço 
www.avaaz.org/po/salve_codigo_florestal
 
* Edgar Werblowsky é diretor da Freeway, operadora especializada em ecoturismo no Brasil.